segunda-feira, 12 de abril de 1993

da vida a da morte

você se foi, eu sofri, sim você se foi.
achávamos que seria passageiro, não foi.
achávamos que seria para melhor, não foi.
achávamos que seria bom, não foi.
eu achava que era o certo, responda-me você.

não, não responda. eu não quero saber,
não me importa, não mais.
nada mais da sua vida, da sua mente,
do seu coração ou do cacete que seja,
não sei, não quero saber e vá pro diabo quem sabe.

assim, sim é melhor para mim.
honestamente, pensar em você antes de pensar em mim
me dá gasturas, dores, nojos e enjoos.
agora seremos assim: eu na minha, você na sua
e os dois completamente distantes.
não faço mais questão de você.

na verdade, hoje, eu penso:
"por que mesmo eu fiz tanta questão?"
"por que mesmo eu gostei tanto?"
"por que mesmo eu ajudei?"
é esquisito e ao mesmo tempo engraçado
perceber que não sinto mais nada.

você precisou, eu ajudei.
você pediu, eu atendi.
você perguntou, eu respondi.
você quis, eu fiz.
você não me quis mais, eu entendi.
agora percebo todos os usos e desusos,
todas as manipulações e jogatinas,
tudo. agora te entendo e te percebo.
e tenho asco.

de hoje em diante, somos completos estranhos.
sei seu nome, seus nomes, seus dados e etc,
mas isso pouco me importa, não me serve para nada.
te quero assim, exatamente onde está, longe de mim,
por favor.

não me pergunte o que aconteceu,
não me pergunte por que eu mudei,
não me pergunte nada, não me questione.
eu simplesmente caí na real.

um dia todos cairemos.
e quando você cair eu vou estar do seu lado.
nem feliz nem triste, apenas constatando o fato.
constatando eu disse! sem ajudar e sem ajudar a cair.
apenas observando e sabendo que poderia ter sido diferente.

culpa minha? culpa sua?
não não... culpa da vida.
da vida do acaso e da entropia,
do amor e do ódio,
do nascimento e da morte.

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